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SOFIA – Família de criança morta por dengue em Barra Velha vai levar caso ao Ministério Público

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Em menos de um ano, Sofia Emanueli Ribeiro Pereira, de apenas quatro anos de idade, foi a terceira vítima fatal da dengue em Barra Velha. A pequena gaúcha não resistiu a gravidade da doença e morreu neste domingo de Páscoa (31).

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Ela foi sepultada na manhã desta segunda-feira, 01, em meio a muita comoção e revolta. O caso tomou repercussão na cidade e região, devido a suspeita de negligência médica, o que supostamente teria ocasionado a morte pela falta de assistência imediata.

A mãe de Sofia, a auxiliar de cozinha, desempregada, Ana Maria de Oliveira Ribeiro, afirmou que a família quer ‘justiça’ e que pretende denunciar o caso ao Ministério Público de Santa Catarina, para que todos os fatos sejam apurados e os culpados sejam punidos. “Não queremos o mal de ninguém, mas justiça é o mínimo que pedimos”.

Ela contou em detalhes como tudo aconteceu antes da tragédia.

“Minha filha começou passar mal na segunda-feira, 25, e tinha muita febre. Logo de manhã por volta das 10 horas procuramos ajuda médica e fomos até o Pronto Atendimento [P.A] de Barra Velha. Ela estava com a ficha laranja, de emergência, mas como eram muitos casos ela só foi atendida por volta das 14 horas e só porque pedi ao meu filho [de 5 anos de idade] para pegar um termômetro. Nesse instante medi a temperatura dela e deu 39.9”, relembrou Ana Maria.

Ana contou que a alta temperatura da filha a obrigou procurar uma enfermeira.

“Quando ela viu, pediu às pressas que tirasse a roupa da Sofia. Em seguida botou compressa com água e deu um remedinho na veia. Por volta das 17 horas deram um encaminhamento pra fazer o exame da dengue e um atestado médico. A única orientação que recebi da médica foi para manter ela bem hidrata. Mesmo sem o exame, devido aos sintomas de febre, vômito e diarreia, a médica garantiu que ela estava com dengue”.

Segundo Ana, a sequência de erros começou ai, primeiro com a demora no atendimento, segundo com a falta da realização do exame o que poderia ter confirmado o tipo de dengue e a gravidade do caso.

“Meu maior questionamento é o por que de não terem feito o exame na hora? Tive que voltar para casa com a minha filha mal. Eles só disseram que me ligariam para marcar o exame, fora os dias que teríamos de esperar para chegar esse resultado. Quantas mais crianças precisarão morrer para que nos atendam como seres humanos, com respeito, dignidade, com mais amor ao próximo, compaixão. E se a culpa não são dos profissionais, que estão sem condições mínimas de trabalho, sobrecarregados, sem espaço físico decente, sem testes suficientes, cadê o poder público, o município, o estado, que têm por obrigação atender as demandas”?

Ana contou que depois da médica liberar Sofia para casa, com a ajuda de uma irmã da igreja, comprou toda a medicação e numa farmácia particular fizeram o teste, atestando positivo para dengue. Mesmo medicada, Sofia não melhorou e na quarta-feira, 27, apresentou piora e precisou voltar ao Pronto Atendimento, onde novamente foi atendida.

“Nessa segunda vez, o médico que atendeu a Sofia, sabia que era dengue, mas não pediu o exame específico para atestar a gravidade e o tipo. Porém, ainda assim, ele só tocou na barriguinha dela e deu outro diagnóstico: gastroenterocolite bacteriana e mais uma vez mandaram ela para casa. No sábado, 30, [quatro dias depois] minha filha já estava desfalecendo, já não tinha mais forças, estava branca, e voltamos ao P.A., só quando então depois de muita luta decidiram transferir ela para Jaraguá do Sul, por volta do meio dia”, lembrou Ana.

A mãe afirmou que no hospital em Jaraguá, o diagnóstico do médico foi descartado e confirmada dengue hemorrágica tipo D. Devido a gravidade, Sofia foi atendida, intubada e internada às pressas na Unidade de Tratamento Intensivo onde ficou até no domingo.

“Essa foi a última vez que ouvi a voz da minha filha. Hoje ela está enterrada, não voltará mais, nunca mais vou ver o olhar da minha filha. Só Deus sabe o quanto eu estou sofrendo, o quanto dói, o quanto machuca ela não estar aqui. A vida da minha Sofia estava na mão daqueles médicos, e eles não fizeram nada. Bastava um exame. Foram 6 dias de sofrimento intenso que a minha pequena foi submetida. Quero que tudo seja investigado, desde a primeira entrada dela até no domingo. Vou honrar a vida da minha filha em busca de justiça e para evitar que mais crianças inocentes morram. Os responsáveis, todos eles, serão punidos”.

Ana lembra ainda que também chegou contrair a dengue e até vomitou sangue, mas como teve o atendimento necessário, ficou apenas um dia internada. “Não bastava a médica ter dito que minha filha estava com dengue, era preciso terem investigado mais a fundo”.

FAMÍLIA – Sofia era a mais nova de um casal de irmãos. Além dela, Ana Maria tem o pequeno Davi de 5 anos e está grávida de 7 meses. Paulista, ela contou que durante muitos anos morou no Rio Grande do Sul onde constituiu família.

Depois chegou se mudar para Joinville onde viveu por dois anos, foi embora novamente e desde o dia 15 de dezembro, ela, os filhos e o atual marido, moram numa casa alugada no bairro São Cristóvão em Barra Velha. “Hoje estou na casa da minha mãe, não consegui voltar para a nossa casa. Não consigo entrar lá e ver as coisas da Sofia, isso me mata por dentro. Ela era uma pequena serva de Deus, um anjinho, que orava, louvava. Não merecia tudo isso”.

Como a família é bastante humilde, o Portal Danimeller faz hoje uma campanha de arrecadação para auxiliá-los nesse momento tão desesperador. Quem quiser colaborar com qualquer quantia, pode mandar um Pix para o número 47 99258-4776 em nome de Ana Maria.

Foto: Arquivo pessoal/reprodução/Via Portal Danimeller

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Cristiano Zonta

Jornalista, Mestre de Cerimônias e Celebrante Social de Casamentos.



Folha Parati

O Jornal Folha Parati, a “voz metropolitana da região”. Foi com esse intuito que nasceu a proposta do jornal que teve sua primeira edição impressa circulando em Barra Velha, São João do Itaperiú e Araquari, gratuitamente, no dia 07 de dezembro de 2009, dia comemorativo ao aniversário de Barra Velha.


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