Cristiano Zonta
O caso do duplo homicídio que chocou Balneário Piçarras na última semana ganhou novo desdobramento com a manifestação da defesa de Ralf Mank Junior, dono da imobiliária Blue Safira e assassino confesso de dois corretores de imóveis. A defesa alega que Ralf foi vítima de uma emboscada e agiu em legítima defesa ao matar Thiago Afonso, de 29 anos, CEO da Ibiza Imóveis, e Deyvid Luiz Leite, de 46 anos, também corretor.
Ex-integrante do Exército Brasileiro, Ralf utilizou uma pistola 9mm no crime, ocorrido na última terça-feira (1º), dentro da sede de sua antiga imobiliária, no Centro da cidade. Após os disparos, ele se entregou à Polícia Militar em um posto de combustíveis, onde foi preso em flagrante com vestígios de sangue no carro.
Versão da defesa
Segundo o advogado Rodolfo Warmeling, que assumiu o caso na última sexta-feira, o crime foi motivado por um conflito comercial. Após um arrombamento em sua empresa no fim de maio, Ralf decidiu vender o ponto comercial. A negociação foi intermediada por Thiago, que apresentou dois compradores: Deyvid e Rafael.
A defesa afirma que os pagamentos não foram quitados conforme o contrato, o que teria gerado tensões. Segundo o advogado, há indícios de que as vítimas estariam pressionando e ameaçando Ralf para quitar os valores. A defesa afirma possuir áudios e mensagens que comprovariam as ameaças, além de informações sobre antecedentes criminais de uma das vítimas por lesão corporal gravíssima em Curitiba (PR), em situação semelhante.
No dia do crime, Ralf teria sido chamado à antiga sede da imobiliária e, segundo o relato da defesa, foi surpreendido e ameaçado pelos corretores, reagindo com os disparos em suposta legítima defesa. Após o ocorrido, acionou a polícia e se entregou.
Investigação
A delegada Beatriz Ribas Dias dos Reis, responsável pelo inquérito, confirmou que todas as linhas de investigação estão sendo apuradas. De acordo com ela, Ralf alegou durante o depoimento que acreditava que as vítimas estavam armadas, o que não se confirmou. No entanto, ele disparou mais de oito vezes, matando ambos os corretores.
Ralf possuía registro de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador), mas não tinha porte de arma — ou seja, a pistola usada era autorizada apenas para estandes de tiro. Arma, carro, documentos e celulares das vítimas foram apreendidos e devem contribuir com a investigação.
A delegada também revelou que Ralf não demonstrou arrependimento durante o depoimento. “Ele estava bem tranquilo”, afirmou ao jornal Diarinho.
Próximos passos
A Polícia Civil segue com a coleta de provas e análise de mensagens, áudios e testemunhos para entender o que de fato aconteceu no dia do crime. A defesa afirma colaborar com as investigações e reforça a tese de legítima defesa. O caso segue em investigação e deve ser encaminhado ao Ministério Público nos próximos dias.
