
Washington, EUA – 24 de julho de 2025 – O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi informado ainda em maio deste ano de que seu nome aparece nos documentos do Departamento de Justiça relacionados ao caso Jeffrey Epstein. A informação foi revelada em reportagem do Wall Street Journal, confirmada posteriormente por outros veículos da imprensa americana. No entanto, a Casa Branca e aliados do ex-presidente classificaram a notícia como “falsa” e negaram qualquer irregularidade.
Segundo o WSJ, a procuradora-geral Pam Bondi teria informado Trump durante uma reunião de rotina, destacando que os arquivos contêm menções a centenas de nomes, inclusive o dele. Bondi ressaltou que aparecer nos documentos não implicaria, por si só, envolvimento em crimes.
Um porta-voz de Trump, Steven Cheung, afirmou que a reportagem é “mais uma tentativa da mídia liberal e dos democratas de atacar o ex-presidente”, comparando o caso ao chamado “Russiagate”. Em nota, o Departamento de Justiça declarou que não há uma lista incriminadora de clientes vinculada a Epstein nos arquivos analisados.
Documentos seguem sob sigilo
Apesar da pressão crescente do Congresso por mais transparência, a juíza federal Robin Rosenberg, da Flórida, rejeitou nesta quarta-feira (24) o pedido do Departamento de Justiça para tornar públicos os documentos relacionados ao processo de Epstein de 2006. A magistrada alegou que a legislação estadual impede a divulgação de transcrições de grandes júris.
A tentativa do governo Trump de liberar os documentos foi barrada judicialmente. Trump havia instruído Bondi a buscar a liberação dos arquivos tanto na Flórida quanto em Nova York. Nos tribunais nova-iorquinos, o pedido segue pendente de decisão.
Um funcionário da Casa Branca ouvido pela agência Reuters, sob anonimato, não negou que o nome de Trump constasse nos arquivos. O mesmo servidor apontou para documentos previamente divulgados pelo Departamento de Justiça que continham números de telefone de familiares do ex-presidente, incluindo sua filha.

Maxwell e o futuro dos depoimentos
Enquanto isso, Ghislaine Maxwell, ex-sócia e cúmplice de Epstein, cumpre pena de 20 anos por tráfico sexual de menores e pode ser peça-chave nos desdobramentos do caso. Um alto funcionário do Departamento de Justiça planeja se reunir com ela nas próximas semanas. O Congresso também emitiu uma intimação para que Maxwell preste depoimento remoto no próximo dia 11 de agosto.
O advogado da britânica, David Oscar Markus, disse à BBC que Maxwell “está disposta a colaborar, caso opte por não usar o direito constitucional de permanecer em silêncio”. No entanto, líderes republicanos manifestaram ceticismo quanto à credibilidade da ex-socialite.
Divisão política e pressão no Congresso
A pressão para abrir os arquivos do caso Epstein reacendeu divisões entre os republicanos. Três congressistas do partido — Nancy Mace, Scott Perry e Brian Jack — votaram ao lado dos democratas em uma subcomissão da Câmara dos Representantes para obrigar o Departamento de Justiça a liberar os documentos. Ainda falta a assinatura do presidente da Comissão de Supervisão, James Comer, para que a intimação se torne legalmente válida.
Democratas acusam o governo Trump de tentar encobrir informações do caso, enquanto apoiadores do ex-presidente pressionam por mais transparência. A procuradora-geral Pam Bondi, antes vista como peça-chave na promessa de “abrir os arquivos de Epstein”, agora enfrenta críticas internas por não apresentar provas ou “lista de clientes”.
Apesar da morte de Epstein em 2019 — oficialmente considerada suicídio —, o caso continua cercado por teorias da conspiração e pedidos por justiça por parte das vítimas.
