Neta encontra corpo da avó assassinada pelo ex-companheiro em Gaspar

Crime chocante escancara a violência contra a mulher e soma o quarto feminicídio em apenas uma semana na região

Dalva Paterno, de 56 anos, foi brutalmente assassinada na tarde da última segunda-feira (4), em sua própria casa, no bairro Figueira, em Gaspar. A principal suspeita recai sobre o ex-companheiro da vítima, também de 56 anos, que está foragido. O crime foi descoberto pela própria neta de Dalva, de apenas 15 anos.

Segundo relatos da adolescente, o comportamento do avô levantou suspeitas. Ele entrava e saía do quarto da avó, mantendo a porta sempre trancada, e dizia que Dalva não queria ser incomodada porque estava com dor de cabeça. Desconfiada, a jovem decidiu entrar no quarto e encontrou a avó ajoelhada, com a cabeça apoiada em um banquinho. Dalva já estava morta.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar, a vítima foi morta com um golpe na cabeça desferido com uma sanduicheira e ferida nas costas, possivelmente com uma faca. Equipes do Samu chegaram a ser acionadas, mas a mulher não resistiu aos ferimentos.

Dalva era mãe de três filhos e avó. Trabalhava de madrugada como operadora de máquinas na empresa Círculo Ltda. e durante o dia como faxineira. Uma rotina exaustiva para sustentar a família, interrompida tragicamente por um crime brutal.

Medida protetiva foi descumprida

Dalva já havia denunciado o agressor anteriormente. Segundo a Polícia Militar, ela chegou a revogar uma medida protetiva, mas após novas agressões, voltou a solicitar proteção judicial, que foi concedida na última sexta-feira (1º). O suspeito foi notificado no sábado (2), mas ignorou a ordem judicial.

Segundo Mariana Paterno, filha da vítima, o homem não aceitava o fim do relacionamento e já tinha um histórico de violência doméstica. Ele chegou a pular o muro da residência e se esconder dentro da casa para surpreender a ex-companheira. Mariana também afirmou que o pai era agressivo e que os filhos, quando mais novos, chegaram a intervir em brigas para defender a mãe.

Fuga e buscas

Após o crime, o homem fugiu por uma região de mata. A Polícia Militar mobilizou uma operação com o helicóptero Águia, equipes do Tático e o canil da corporação. Uma bicicleta foi encontrada abandonada próxima ao condomínio Milano, onde testemunhas disseram tê-lo visto. O suspeito é descrito como meio calvo, com cabelos grisalhos nas laterais da cabeça.

Quarto feminicídio em uma semana na região

O caso de Dalva Paterno é o quarto feminicídio registrado em menos de uma semana no Vale do Itajaí, revelando um cenário alarmante de violência contra a mulher.

• Penha: Rosemary Martins, 59 anos, foi morta a facadas pelo companheiro e encontrada no sofá de casa. O crime teria ocorrido no domingo (27), após a vítima descobrir uma traição.

• Rodeio: Tatiane Kurth Cipriani, 24 anos, foi assassinada pelo marido, que esfaqueou a vítima e enviou uma foto do corpo ao cunhado. Depois, o homem tirou a própria vida.

• Rio do Sul: Sandra Raquel Nolli, 51 anos, foi morta a tiros pelo ex-companheiro, que fugiu, mas acabou preso horas depois.

Reflexão urgente

O assassinato de Dalva e os demais casos acendem um alerta sobre a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes, ações de proteção imediata às vítimas e punições severas aos agressores. A tragédia de Dalva Paterno é mais uma entre tantas histórias de mulheres que clamam por justiça em silêncio — até que seja tarde demais.