Cristiano Zonta
Número de ocorrências mais que dobra em 2025; prática é crime e pode causar acidentes graves
O Aeroporto Internacional de Navegantes, no Litoral Norte de Santa Catarina, está em estado de atenção após registrar um aumento expressivo nos casos de raios laser apontados contra aeronaves. Apenas até agosto deste ano, foram contabilizados 27 episódios — quase o triplo da média anual registrada até 2024.
De acordo com a Motiva, concessionária que administra o terminal, as ocorrências vêm se concentrando principalmente entre os municípios de Itajaí, Navegantes e Penha, e têm ocorrido durante pousos e decolagens — momentos críticos da operação aérea.
Campanha de conscientização busca frear o problema
Diante da escalada, o aeroporto lançou uma campanha educativa junto à comunidade local, com apoio da Polícia Federal, para alertar sobre os perigos do uso indevido de lasers. A ação inclui visitas domiciliares e distribuição de materiais informativos, reforçando que o ato não é uma brincadeira, mas um crime previsto no Código Penal.
“Nosso foco é a prevenção. Queremos que as pessoas entendam que o laser pode cegar temporariamente um piloto e comprometer a segurança de todos a bordo”, explica Wilson Rocha, gerente do Aeroporto de Navegantes.
Riscos vão além do brilho: ameaça real à segurança aérea
Os especialistas alertam que, embora pareça inofensivo, o feixe de luz pode atingir diretamente os olhos do piloto, provocar ofuscamento, perda de referência visual e até lesões oculares permanentes.
“Quem está no solo imagina estar apenas iluminando o avião, mas dentro do cockpit a luz se espalha e toma todo o campo de visão”, comenta Rafael Santiago, representante da NAV Brasil. “Já em 2007, eu mesmo fui atingido por um raio laser durante um voo. É um problema antigo e global.”
Segundo ele, os momentos de aproximação e pouso são os mais críticos, já que exigem máxima concentração. Qualquer distração pode gerar manobras de risco, como arremetidas inesperadas.
Ato criminoso e punições severas
Além dos riscos operacionais, o gesto é considerado crime grave. O artigo 261 do Código Penal Brasileiro tipifica como atentado contra a segurança do transporte aéreo a conduta de interferir de forma indevida em aeronaves.
As penas variam de dois a cinco anos de reclusão, podendo chegar a 12 anos caso o incidente resulte em acidente ou vítimas.
“O uso irresponsável de laser mobiliza equipes de segurança e comunicação em solo, interrompe procedimentos e coloca em risco vidas humanas”, reforça Ricardo Luiz Barbosa Ouriques, analista de safety do aeroporto.
Autoridades pedem apoio da população
A orientação é que qualquer pessoa que presencie o uso de laser direcionado a aviões denuncie imediatamente às autoridades. O Aeroporto de Navegantes reforça que a colaboração da comunidade é essencial para coibir novas ocorrências e manter a segurança dos voos.
