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Morre aos 79 anos Alcides Lídio dos Santos, o “Nino Folião”, ícone da cultura popular de Penha

Alcides Lídio dos Santos, o “Nino Folião”

Mestre da Cultura Popular, pescador e guardião das tradições folclóricas, Nino deixa um legado imortal nas Folias de Reis, Fandango e Chimarrita

A cultura popular de Penha amanheceu de luto nesta quarta-feira (12). Faleceu aos 79 anos Alcides Lídio dos Santos, carinhosamente conhecido como Nino Folião ou Pica-Pau, uma das vozes mais autênticas e queridas das tradições folclóricas do município.

Presença constante nas Folias de Reis, Mastro de São Sebastião, Fandango de São Gonçalo, Folia do Divino, Chimarrita e nas Cantigas Populares da região, Nino era sinônimo de alegria, fé e pertencimento cultural.

Raízes na Armação do Itapocorói

Nascido de parteira no bairro Armação do Itapocorói, Alcides Lídio herdou do pai o amor pelo mar e, da mãe, o talento musical. Descendente das tradicionais famílias Souza e Santos, cresceu embalado por melodias e versos da cultura açoriana e do litoral catarinense.

Casou-se com Maura, filha do saudoso folião rabequeiro Seu Bileu, de quem herdou a rabeca e o dom de animar as festas religiosas. Por décadas, acompanhou inúmeros imperadores nos peditórios da bandeira do Divino Espírito Santo, nas coroações e nos folguedos populares que marcam a identidade penhense.

Do mar à música: uma vida de tradição e poesia

Além de folião, Nino foi pescador artesanal e navegou em diversas praças pelo litoral brasileiro. Na navegação de cabotagem, acumulou histórias, amizades e melodias que marcaram sua trajetória.

Na pesca, firmou laços com figuras emblemáticas da música popular local, como Seu Picucho, Seu Osvaldo, Passinho, Domingo Bejú, Biba, Tavo, e também com artistas como Paulinho da Viola, Pedro Paulo e Caiçara.

Foi de Tavo que herdou a canção que se tornaria símbolo da Armação:

Querida Armação de Itapocorói, longe de ti a saudade dói.”
Versos que hoje ecoam como um verdadeiro hino afetivo da comunidade.

Reconhecimento e legado

Aposentado, Nino continuava praticando a pesca artesanal por paixão, com sua embarcação na Praia do Cascalho. Sua figura foi eternizada no projeto “Retratos da Nossa Gente”, em homenagem à pesca artesanal, e em 2023 foi reconhecido pela Fundação Cultural de Penha Picucho Santos como Mestre da Cultura Popular, recebendo o Troféu Franklin Bento de Trajetória Cultural, além de certificado de honra.

“Nossas Folias de Reis, o Mastro de São Sebastião, o Fandango de São Gonçalo, a Folia do Divino, a Chimarrita, as Cantigas e músicas Populares não serão mais as mesmas sem o Alcides.
A voz se cala, mas as melodias se eternizam nas nossas memórias”, declarou o professor e historiador Eduardo Bajara de Souza.

Despedida

O velório de Nino Folião teve início às 21h desta quarta-feira (12), na Capela Mortuária da Igreja São João Batista e São Pedro, no bairro Armação do Itapocorói.
O sepultamento ocorrerá nesta quinta-feira (13), em horário a ser confirmado pelos familiares.

Penha se despede de um de seus maiores mestres da cultura popular, cuja voz, rabeca e alegria continuarão ecoando na memória e no coração do povo.

Foto: Reprodução Via: CarneiroNews 

Cristiano Zonta

Jornalista, Mestre de Cerimônias e Celebrante Social de Casamentos.



Folha Parati

O Jornal Folha Parati, a “voz metropolitana da região”. Foi com esse intuito que nasceu a proposta do jornal que teve sua primeira edição impressa circulando em Barra Velha, São João do Itaperiú e Araquari, gratuitamente, no dia 07 de dezembro de 2009, dia comemorativo ao aniversário de Barra Velha.


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