Cristiano Zonta
A educação municipal de Barra Velha tornou-se o centro de um dos debates mais intensos após a fala do vereador Caio Pinheiro na sessão da Câmara desta terça-feira (18). O parlamentar defendeu a adoção das apostilas do Sistema Positivo — ou material semelhante — para as escolas da rede municipal, argumentando que o recurso poderia “equilibrar o jogo” entre estudantes da rede pública e da rede privada em competições como ENEM, vestibulares e processos seletivos técnicos.
A proposta, porém, gerou forte reação do Professor Doutor Valdir Nogueira, educador reconhecido com formação na UFPR, FURB, Univille e Univali, cuja crítica viralizou e abriu uma discussão profunda sobre os caminhos da educação pública em Barra Velha.
Professor Doutor critica proposta e afirma que “apostila não transforma vidas”
Em sua manifestação, Valdir classificou como “infeliz” e “classista” a justificativa usada pelo vereador. Para ele, o foco da educação pública deveria estar em infraestrutura, formação continuada, bibliotecas, laboratórios, robótica, educação integral e valorização profissional:
“Não é apostila que faz a diferença, mas sim uma escola qualificada e atendida em suas necessidades. Estudante da escola pública de Barra Velha não quer ‘igualar’, quer ter direito a uma escola robusta e valorizada.”
O educador também relembrou sua trajetória:
“Sou filho de pobre, estudei em escola pública e fiz doutorado. Foi a educação pública que me deu ferramentas para seguir em frente.”
A crítica ganhou grande repercussão entre profissionais da educação e foi compartilhada amplamente nos grupos e páginas da região.
Vereador Caio Pinheiro responde e reforça defesa da apostila em Barra Velha
Diante da repercussão, o vereador Caio Pinheiro se manifestou e reconheceu parte dos argumentos trazidos pelo professor — mas também rebateu com firmeza, reacendendo ainda mais o debate.
Em sua resposta, Caio afirmou:
“Professor Valdir, concordo com 90% de tudo que escreveu. Tem que investir em todas as áreas que citou: robótica, tecnologias, necessidades e demandas materiais, humanas e capacitação. A valorização do profissional, para mim, é a mais importante — afinal, o professor é o pai e a mãe de todas as outras profissões.”
Apesar disso, o vereador retrucou a crítica sobre a apostila:
“Agora, me dizer que uma apostila como a do Positivo — ou similares — não traz um ensino ainda melhor… isso sim é piada!”
Caio também levantou uma crítica forte ao que chamou de “conteúdos ideológicos”:
“Sem contar os ensinamentos de ideologia de gênero, que nem mais ocultos são, para crianças de sete anos. Eu respeito a todos, mas, para mim, igualdade e inclusão são diferentes.”
O parlamentar encerrou reforçando que cidades onde o sistema apostilado foi implantado teriam melhorado seus indicadores:
“O mais engraçado é que, na cidade onde foi implantado, o nível de ensino melhorou, e os pais — que são os principais responsáveis pela criança — aprovaram!”
A fala devolveu intensidade ao debate e mobilizou novas manifestações nas redes sociais.
Comunidade de Barra Velha segue dividida
O embate entre vereador e professor abriu espaço para uma discussão mais ampla sobre:
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qual é o melhor modelo pedagógico para Barra Velha?
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sistemas apostilados realmente elevam os índices?
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ou o grande déficit está na estrutura e na formação docente?
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como equilibrar inovação, tecnologia e currículo sem perder identidade pública?
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qual é o papel da família nesse processo?
Educadores, pais e lideranças locais passaram a se posicionar, transformando a discussão em um dos assuntos mais comentados da semana na cidade.
O debate continua — e Barra Velha observa
A troca de declarações expôs dois caminhos diferentes para a educação municipal:
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o vereador defende a adoção de um sistema apostilado como ferramenta de modernização e padronização,
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enquanto o professor ressalta que sem estrutura, investimento e valorização profissional não há material que resolva o problema.
Com a repercussão, a polêmica promete continuar nas próximas sessões da Câmara e nos corredores das escolas municipais, abrindo um debate que pode influenciar diretamente os rumos da educação de Barra Velha nos próximos anos.
