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Cursos de produção de tilápia alavancam a produção em Santa Catarina

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Embora as condições locais não sejam as mais favoráveis, Santa Catarina está nas primeiras posições da piscicultura nacional. O relevo acidentado, o clima subtropical e a pequena extensão territorial não são obstáculos para os 30 mil piscicultores que produzem mais de 50 mil toneladas de peixes por ano. Desse total, 80% da produção é de tilápia – no cultivo dessa espécie, os catarinenses já ocupam a quarta posição no ranking brasileiro.

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Produção de tilápia em SC
As tilápias correspondem a 80% da produção de peixes em Santa Catarina

A tilapicultura vem crescendo de forma acelerada em Santa Catarina: em 2022, o Estado produziu 42 mil toneladas, contra 26,8 mil toneladas em 2014. Estima-se que a atividade movimente R$650 milhões por ano, apenas na produção primária.

As regiões Litoral Norte e Litoral Sul do Estado são as que puxam os números para cima. Nos últimos dez anos, a produção de tilápia na região de Tubarão, no Sul, saltou 286%, alcançando 13 mil toneladas por ano. A produtividade média dos viveiros escalou 288%, chegando às 28,8t/ha – o maior índice de Santa Catarina.

O impulso para esse crescimento está na profissionalização dos produtores. A Epagri aposta nessa estratégia há mais de 30 anos e, na última década, vem intensificando os cursos de produção de tilápia em seus centros de treinamento de Joinville (Cetreville) e Tubarão (Cetuba). Nos últimos dez anos, 781 produtores e técnicos foram capacitados em cursos básicos e avançados nesses municípios.

Lucro e sustentabilidade

As capacitações atraem piscicultores de todas as regiões catarinenses e até de outros estados e países. Durante períodos que variam de 2 a 5 dias, em aulas teóricas e práticas, os participantes mergulham no conhecimento e aprendem a criar tilápias de forma sustentável e lucrativa.

Curso de produção de tilápia oferecido pela Epagri
Cursos de piscicultura da Epagri profissionalizam os produtores e impulsionam o setor no estado

O curso básico aborda temas como infraestrutura básica, anatomia da espécie, capacidade de suporte dos viveiros, povoamento e manejo dos alevinos, manejo em sistema bifásico de produção, manejo alimentar e de qualidade da água e custos de produção. Os participantes também visitam propriedades rurais que são referência na tilapicultura – as Unidades de Referência Técnica (URTs).

Para quem deseja mergulhar mais fundo, a Epagri ainda oferece o Curso Avançado de Produção de Tilápia em Tubarão. Nele, os piscicultores aprendem de forma aprofundada sobre planejamento, gestão, infraestrutura e manejo para altas produtividades, sanidade aquícola e uso de aditivos alimentares e de biorremediadores.

Produção de tilápia sem amadorismo

A possibilidade de obter renda elevada em pequenas áreas é um dos principais atrativos da tilapicultura. No Litoral Norte e no Litoral Sul de Santa Catarina, a margem bruta anual variou, em média, entre R$75 e R$120 mil por hectare em propriedades acompanhadas pela Epagri na safra 2023/24. Mas, para alcançar esses resultados, é preciso ter conhecimento.

“O modelo comercial de produção de tilápia praticado no Litoral de Santa Catarina não permite amadorismo. Estamos falando de uma atividade de alta densidade econômica que, como tal, possibilita alta rentabilidade, mas com riscos elevados.

A tilapicutura está cada vez mais profissional em SC
Sem espaço para amadorismo, a piscicultura vem conquistando áreas nobres nas propriedades rurais

O piscicultor deve estar treinado para compreender os parâmetros bióticos e abióticos a fim de tomar decisões assertivas. Caso contrário, o risco de mortalidade da produção é muito elevado”, explica o extensionista rural Darci Pitton Filho, corresponsável pela piscicultura no programa de Aquicultura e Pesca da Epagri.

Uso dos recursos hídricos

A sustentabilidade é um tema central dentro dos cursos profissionalizantes, que focam na legalização da atividade e no uso consciente dos recursos hídricos. “Antigamente, se pensava em praticar piscicultura nas áreas de várzeas das propriedades, impróprias para a agricultura tradicional, geralmente com barramento dos cursos hídricos. No entanto, através do conhecimento adquirido, e com as restrições legais sobre o uso dessas áreas, os viveiros produtivos estão ocupando áreas consideradas mais nobres nas propriedades, que antes eram utilizadas para lavouras”, detalha Darci.

Com a publicação da Lei Estadual nº17.622, de 17 de dezembro de 2018, o processo de licenciamento ambiental para a piscicultura passou a ser viável para os produtores do Estado, especialmente os de pequeno porte. Hoje, boa parte da produção comercial no Litoral Norte e no Litoral Sul do Estado possui licença ambiental, atendendo os parâmetros de controle de efluentes e mitigação dos riscos ambientais que são exigidos pelos órgãos competentes.

Produção de tilápia cresce em SC
O conhecimento técnico traz segurança para os produtores investirem na piscicultura de forma intensiva

Investimentos e políticas públicas

Depois do curso, o apoio da Epagri aos piscicultores segue porteira adentro. Quando retornam para seus municípios, os produtores são acompanhados pelos extensionistas e incentivados a colocar em prática o que aprenderam. O conhecimento também traz segurança para investir em tecnologia e aumentar a densidade de povoamento dos viveiros.

Graças a esse trabalho, a produção de peixes deixa de ser vista como uma atividade terciária e sem atrativo econômico para ganhar importância na renda da família. O cenário de baixa produtividade, pouco uso de tecnologia e grandes áreas de lâmina d’água sem uso vai dando espaço para a condução da atividade de forma mais intensiva.

Somente em 2023, na região de Tubarão, a Epagri realizou projetos para construção de 18 viveiros de tilápia em propriedades de piscicultores egressos dos cursos. No mesmo ano, ao menos 22 ex-participantes melhoraram seus sistemas produtivos com o apoio de políticas públicas de crédito para a piscicultura.

Tecnologia de ponta para a produção de tilápia

O curso da Epagri coloca os produtores em contato com as tecnologias mais avançadas para a produção de tilápias. E a fonte disso são as pesquisas que a empresa conduz no Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap). Um dos destaques desse trabalho é a seleção de tilápias mais resistentes a doenças e com melhor desempenho nas condições de cultivo de Santa Catarina.

Epagri desenvolve tecnologias para a tilapicultura
Essas pesquisas têm contribuição decisiva para o crescimento da piscicultura brasileira. Desde 2017, a Epagri já forneceu 197 mil matrizes de tilápia para produtores de alevinos catarinenses e de outros estados brasileiros. Aqui no Estado, 85% dos produtores de alevinos de tilápia usam material genético da Epagri.

O último lançamento foi a Tilápia Epagri SC 04, que se destaca por alcançar maior peso final em cultivos intensivos em viveiros escavados nas condições climáticas de Santa Catarina. “O ganho em crescimento das tilápias ao longo de quatro gerações de linhagens desenvolvidas pela Epagri nesses anos é estimado em 33,9%”, explica o pesquisador Bruno Corrêa da Silva. Em 2023, o melhoramento genético de tilápia desenvolvido pela Empresa gerou um impacto econômico de R$20,6 milhões em ganho de produtividade nas propriedades rurais. Hoje, apenas 2,3 mil dos 30 mil piscicultores de Santa Catarina são profissionais. Com apoio da Epagri, tecnologia de ponta e acesso ao conhecimento, o estado tem o terreno preparado para alavancar ainda mais essa cadeia produtiva de forma lucrativa e sustentável.

Piscicultor de Sangão alcança bom resultado no primeiro ano de produção de tilápias

Em seu primeiro ano como piscicultor, Willyan Scremin espera retirar 85 toneladas de tilápias de seis viveiros construídos na propriedade em Sangão, no Sul Catarinense. O plano para o segundo ciclo, agora em 2024, é dobrar o volume de peixes. E em cerca de dez anos, ele, a mãe e a irmã pretendem ampliar a estrutura para 17 viveiros e produzir 500 toneladas de tilápias por ciclo.

Essa segurança para investir na propriedade, aumentar a densidade de povoamento dos tanques e alcançar bons resultados vem do conhecimento. Desde 2020, Willian conta com apoio da Epagri para investir na piscicultura – uma área totalmente nova para ele, que sequer viveu no meio rural.

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Piscicultor catarinense
Na primeira safra de tilápia, Willyan Scremin alcançou produtividade de 40 toneladas por hectare

Em 2021, Willyan fez o curso básico no Centro de Treinamento de Tubarão e conheceu as principais tecnologias para o cultivo profissional de tilápias. “Para entregar um produto de qualidade, precisamos ter conhecimento. E o conhecimento da Epagri é essencial. Se não tivesse essa consultoria, não tenho dúvida de que o projeto teria sido um fracasso”, diz o piscicultor.

Depois de capacitado, Willyan elaborou um projeto técnico com a equipe da Epagri e seguiu as orientações à risca. A propriedade ganhou uma estrutura de viveiros, somando 2,1 ha de lâmina d’água, sistema de armazenagem de ração em silos, tratadores automatizados, aeradores com acesso remoto e gerador. Em fevereiro de 2023, os tanques foram povoados com 100 mil alevinos de tilápia da linhagem Gift-Epagri. No mesmo ano, Willyan também fez o curso avançado de produção de tilápia.

No caminho certo

“Estamos finalizando a primeira safra com bons resultados”, comemora o piscicultor, que alcançou produtividade de 40 toneladas por hectare. Os indicadores, acompanhados com atenção, revelam que ele está no caminho certo: “No primeiro tanque, tivemos índice de 33,4% de filé, o que é acima da média. As 85 toneladas de peixes vão resultar em uma renda de R$250 a R$300 mil no ano para a nossa família”, calcula.

William lembra que questões como tipo de terreno, formato e disposição dos tanques e forma de captação de água, por exemplo, são diferentes em cada caso. “Para quem não tem conhecimento no assunto, a ideia de produzir peixe é bem diferente da realidade. A Epagri te leva para dentro da sala para oferecer conhecimento e isso traz segurança, porque nem sempre a realidade de um é a mesma do outro”, explica.

Com o projeto consolidado, a equipe da Epagri segue acompanhando a propriedade em questões técnicas, contábeis e econômicas da piscicultura. O objetivo é torná-la uma Unidade de Referência Técnica, que servirá de modelo para outros produtores da região.

Por Cinthia Andruchak Freitas – Jornalista da Epagri

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Cristiano Zonta

Jornalista, Mestre de Cerimônias e Celebrante Social de Casamentos.



Folha Parati

O Jornal Folha Parati, a “voz metropolitana da região”. Foi com esse intuito que nasceu a proposta do jornal que teve sua primeira edição impressa circulando em Barra Velha, São João do Itaperiú e Araquari, gratuitamente, no dia 07 de dezembro de 2009, dia comemorativo ao aniversário de Barra Velha.


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