
Uma pesquisa conduzida pela Epagri na Estação Experimental de Itajaí (EEI) aponta um caminho promissor para reduzir prejuízos na bananicultura diante dos eventos climáticos extremos que têm atingido Santa Catarina. A estiagem prolongada e os ciclones, como o registrado entre 7 e 8 de novembro deste ano, têm desafiado produtores e motivado pesquisadores a buscar estratégias mais eficientes para garantir produtividade.
Resultados preliminares do estudo “Avaliação de sistemas de irrigação para bananicultura”, iniciado em 2021 e liderado pelo engenheiro-agrônomo Ricardo Negreiros, mostram que o uso de irrigação adequada às condições locais pode aumentar significativamente tanto a produção quanto a qualidade dos cachos.
Redução do ciclo e aumento da produção
Nos três primeiros ciclos de avaliação, o sistema de irrigação proporcionou redução de 33 dias no ciclo da banana Prata e 58 dias na variedade Cavendish (caturra). Nesta última, houve ainda incremento de 1,3 pencas por cacho, um ganho expressivo para os produtores.
Segundo Negreiros, parte desses resultados está relacionada ao uso do sistema de fertirrigação, que adiciona nitrogênio e potássio diretamente à água. “Além de melhorar a nutrição da planta, o sistema automatizado reduz o trabalho manual e evita a perda de nutrientes em períodos sem chuva”, explica.
O experimento abrange uma área de 1.215m², onde foram plantadas 200 bananeiras de cada variedade, além de unidades sem irrigação, usadas para comparação. Ao todo, 1.580 famílias de bananeiras (mãe, filha e neta) foram avaliadas.
Como funcionam os dois sistemas testados
A pesquisa comparou duas tecnologias:
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Gotejamento – uma fita instalada ao longo das fileiras libera água diretamente no solo;
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Microaspersão – hastes de 50 cm irrigam a planta por baixo das folhas, evitando doenças; cada emissor libera cerca de 70 litros/hora.
A escolha do método depende das características do solo. No Litoral Norte catarinense, onde o terreno é misto (arenoso e argiloso), ambos os sistemas podem ser utilizados, mas o gotejamento exige atenção para evitar formação de bulbos de umidade em solos excessivamente arenosos.
Bananeira é sensível à estiagem
A cultura da banana sofre especialmente em períodos de seca. Cerca de 70% das raízes estão nos primeiros 40 cm de profundidade, o que dificulta o acesso à água do lençol freático. Além disso, a grande área foliar aumenta a evaporação.
Cada família de bananeira necessita 20 litros de água por dia, e períodos de estiagem acima de 15 dias já comprometem a formação dos cachos e o tamanho dos frutos.
Irrigação como seguro para a lavoura
Embora entre 2022 e 2024 não tenham ocorrido secas tão severas quanto as de 2019, o produtor que adota irrigação se previne para anos de maior calor e baixa pluviosidade. Segundo o pesquisador, a tecnologia funciona como um “seguro da lavoura”, garantindo menor impacto em condições climáticas adversas e resultando em plantas mais vigorosas nas gerações seguintes.
Custo e viabilidade
O investimento é considerado acessível: cerca de R$ 5 por planta ao ano, considerando vida útil dos equipamentos de dez anos. Para Negreiros, o custo-benefício é positivo, especialmente para quem deseja manter produtividade estável frente às mudanças climáticas.
O quarto ciclo da pesquisa deve ser concluído em abril de 2026, e os pesquisadores esperam consolidar ainda mais os resultados que já apontam para um futuro mais seguro e eficiente na produção de banana em Santa Catarina.






















