Cristiano Zonta
O menino Fernando, de oito anos, que sofreu um choque elétrico num fio arrebentado na rua Jaziel José Rosa, no bairro São Vicente, no sábado, foi transferido do Hospital Infantil Pequeno Anjo, em Itajaí, para a ala de queimados do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, na manhã de ontem. Os pais da criança, Franklin de Barros, 43, e Eliane Batista de Jesus, 42, também se feriram ao socorrer o menino, mas se recuperam em casa.
Ainda sob efeito de calmantes, a mãe conta que o filho passou por cirurgia no Pequeno Anjo antes de ser levado para Florianópolis. O menino sofreu queimaduras em 70% do corpo, com algumas partes sendo de terceiro grau, mas sem atingir órgão vitais. Ele ficou na UTI durante a noite e respondeu bem à medicação, conta Eliane.
A transferência para o hospital da Capital é porque a unidade conta com setor especializado em queimados. Outra opção seria o hospital infantil de Joinville, mas que não teria vagas disponíveis. Após levar o choque, Fernando ficou inconsciente. Ele foi atendido em estado grave pelos bombeiros, levado pra UPA do CIS e depois encaminhado pro Pequeno Anjo.
O menino é estudante da escola Pedro Paulo Rebello, no mesmo bairro. A diretora do colégio já entrou em contato com a família, se colocando à disposição para a assistência necessária. A família e vizinhos estão muito sensibilizados com a situação do garoto e pedem que moradores façam orações para a recuperação da criança.
Cabo de alta tensão rompeu
O acidente foi por volta das 15h30 de sábado. A mãe de Fernando rebateu a informação de que a fiação tenha sido cortada pela linha de uma pipa que era soltada por um outro garoto. Ela também afirmou que o filho não estava brincando de pipa na hora da ocorrência.
Elaine diz que o menino estava em casa e correu pra rua após o fio ter arrebentado, por motivo que ainda não foi esclarecido. A fiação era da rede de alta tensão, que fica na parte de cima dos postes. Fernando levou o choque ao puxar o fio no chão.
Ao tentar socorrer o filho e puxá-lo pelos braços, o pai também levou uma descarga elétrica, sofrendo lesões pelo corpo e na cabeça. Eliane também se feriu, na tentativa de afastar o fio. Ela levou um choque e foi jogada na calçada, sofrendo ferimentos nas pernas e pés.
Eliane lembra que viu o filho desacordado quando saiu pra rua. “Ele estava jogado no chão. Parecia morto”, desabafou. A dificuldade em socorrer a criança foi porque ele caiu de costas em cima do fio arrebentado. No desespero, vizinhos contaram que tentaram afastar a fiação com madeiras, motos e uma carrocinha que estava perto.
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram chamados. Os bombeiros isolaram a área. Depois, a Celesc fez o isolamento da energia, deixando o bairro sem luz para os reparos na fiação. Inicialmente, as vítimas foram levadas à UPA do Centro Integrado de Saúde (CIS).
Denúncia de pipas com cerol
Conforme o relatório da PM sobre a ocorrência, uma pessoa que estava no local informou que havia várias crianças na rua soltando pipa, com suspeita de que algumas delas poderiam estar com cerol. Na brincadeira, uma linha teria se enroscado na rede de alta tensão e o fio teria se rompido, caindo na rua e atingindo o menino, que estaria brincando na calçada. A versão foi contestada pela mãe do garoto.
A PM foi até o CIS para tentar falar com as vítimas. Naquele momento, a criança estava na emergência pra ser levada ao Pequeno Anjo, enquanto o pai do menino passava por atendimento médico e a mãe estava em choque, sem condições de conversar. Ao voltar para o local do acidente, a guarnição buscou informações sobre quem estaria vendendo as pipas, mas ninguém soube dizer.
Um boletim de ocorrência foi registrado, sendo também feito um levantamento com fotos no local. No endereço, é possível ver que na rede elétrica há diversas “carcaças” e linhas de pipas que se enroscam na fiação. A criançada costuma soltar pipas na rua, tanto é que o último registro do Google Street View, em 2024, flagrou meninos brincando.
