
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), se manifestou na manhã desta quarta-feira (29) oferecendo apoio ao governo do Rio de Janeiro após a megaoperação policial que resultou em 128 mortes, incluindo quatro agentes de segurança, na última terça-feira. A ação, considerada a mais letal da história fluminense, teve como alvo o Comando Vermelho, facção criminosa que domina parte das comunidades cariocas e possui ramificações em diversos estados do país, inclusive em Santa Catarina.
Em publicação nas redes sociais, Jorginho expressou solidariedade às famílias dos policiais mortos e declarou que o estado catarinense está à disposição para colaborar, caso haja necessidade de reforços na segurança.
“Meus sentimentos aos familiares dos quatro agentes de segurança do Rio de Janeiro que perderam suas vidas na operação de ontem. Que o Rio de Janeiro e o governador Cláudio Castro (PL) mantenham uma posição firme contra o crime. Santa Catarina se coloca à disposição como parceira, caso necessitem de reforços”, escreveu o governador.
Monitoramento em Santa Catarina
As forças de segurança catarinenses estão em alerta para uma possível fuga de criminosos do Rio de Janeiro para o estado. O Comando Vermelho mantém conexões com facções locais, sobretudo no tráfico de drogas e no fornecimento de armas.
Nos últimos anos, operações conjuntas da Polícia Militar e da Polícia Civil já resultaram na prisão de integrantes da facção em Florianópolis e Navegantes.
Apesar disso, a Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina ainda não anunciou medidas específicas diante da possibilidade de migração de criminosos foragidos da megaoperação fluminense.
Críticas e posicionamentos
O delegado-geral da Polícia Civil de SC, Ulisses Gabriel, lamentou a morte dos policiais durante a operação e criticou o silêncio de entidades de direitos humanos.
“E aí vem a pergunta: os direitos humanos são para quem? Só para bandidos?”, questionou.
Em nova manifestação nesta quarta-feira, ele voltou a criticar o governo federal, afirmando que há “proteção aos criminosos sob o verniz dos direitos humanos” e apontando a “legislação branda e o sucateamento da segurança pública” como causas da violência.
Reação do governo federal e reunião de emergência
Diante do impacto nacional da operação, os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) convocaram uma reunião emergencial com o governador Cláudio Castro (PL) para discutir medidas de segurança.
O encontro ocorre após o governo federal autorizar a transferência de 10 detentos do Rio de Janeiro — integrantes da cúpula do Comando Vermelho — para presídios federais.
A operação, que mobilizou cerca de 2,5 mil agentes, terminou com mais de 100 presos e 93 fuzis apreendidos, além de pistolas, granadas e drogas. Segundo o governo do Rio, 64 corpos foram encontrados em uma área de mata após confrontos na região da Penha e do Alemão, somando 128 mortos no total.
O governo federal informou que não foi consultado previamente sobre a realização da operação e lamentou o alto número de mortes.
Debate sobre segurança e política
O presidente da Embratur e ex-deputado Marcelo Freixo, militante dos direitos humanos, criticou a condução e o uso político das mortes.
“É evidente que o crime precisa ser combatido, seja o tráfico ou as milícias, mas não com uma operação desastrosa e mal planejada como essa”, afirmou.
Freixo também destacou que o governo do Rio deixou de utilizar mais de R$ 174 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública, defendendo que o combate ao crime deve ocorrer com planejamento e parceria entre os entes federativos.
Expansão do Comando Vermelho
O Comando Vermelho, alvo central da operação, é a facção mais antiga do Rio de Janeiro e vem expandindo seu território de influência. Um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF) indica que, entre 2022 e 2023, o grupo aumentou em 8,4% as áreas sob seu domínio, retomando a liderança em relação às milícias.
Em Santa Catarina, a facção atua principalmente no apoio logístico para tráfico e armamento, o que reforça a preocupação das autoridades com possíveis deslocamentos de criminosos para o estado após a operação no Rio.

Fotos e fonte: Agência Brasil




















