
Campanha do Ministério da Saúde destaca importância do diagnóstico precoce e ampliação da testagem e tratamento no SUS. Estado catarinense é referência na redução da mortalidade.
No mês de Julho Amarelo, dedicado à conscientização sobre as hepatites virais, o novo Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde revela um avanço significativo de Santa Catarina no enfrentamento das doenças. O estado reduziu em 63% o número de mortes por hepatite C entre 2014 e 2024 — de 65 para 24 óbitos. Já os casos de morte por hepatite B tiveram queda de 39%, caindo de 23 para 14 no mesmo período.
Apesar da expressiva redução na mortalidade, os dados reforçam a necessidade de ampliar o acesso ao diagnóstico e fortalecer a adesão ao tratamento, especialmente nos casos de hepatite B, que ainda não tem cura, mas pode ser controlada com medicamentos e vacina disponível no SUS.
“Temos vacinas, testes e orientações claras disponíveis sobre o enfrentamento das hepatites. Desde a implementação dos testes rápidos no SUS, avançamos muito. Por isso, quero chamar a atenção da população para a importância do diagnóstico precoce”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Brasil se aproxima das metas da OMS
Em todo o país, os dados são igualmente positivos: entre 2014 e 2024, os óbitos por hepatite B caíram 50% e por hepatite C, 60%, aproximando o Brasil da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê redução de 65% das mortes por essas doenças até 2030.
A redução da hepatite A entre crianças também é expressiva: 99,9% entre menores de 10 anos. Houve ainda queda de 55% na detecção da hepatite B em gestantes e de 38% nos casos em menores de cinco anos, evidenciando os avanços no controle da transmissão vertical.
Nova plataforma de monitoramento busca ampliar tratamento
Como estratégia para fortalecer o enfrentamento, o Ministério da Saúde lançou uma plataforma inédita de monitoramento que permite acompanhar, em tempo real, o número de pessoas diagnosticadas, em tratamento e o tempo médio de adesão por estado e município.
Em 2024, 115,3 mil pessoas foram indicadas para tratamento da hepatite B no Brasil. Destas, 58,8 mil iniciaram o tratamento e 14,8 mil o interromperam. Em Santa Catarina, 12.290 pessoas foram indicadas, com 5.150 iniciando o tratamento.
No caso da hepatite C, 12,5 mil pessoas no país receberam indicação para tratamento, e 9,1 mil iniciaram o cuidado. Em Santa Catarina, 455 das 620 pessoas indicadas já estão em tratamento.
A expectativa é dobrar o número de pessoas em tratamento para hepatite B, alinhando-se à meta da OMS de alcançar 80% de cobertura até 2030.
Campanha “Um teste pode mudar tudo” incentiva diagnóstico
Com o lema “Um teste pode mudar tudo”, a nova campanha nacional de conscientização quer incentivar a testagem gratuita disponível no SUS. O diagnóstico pode ser feito com testes rápidos ou laboratoriais em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS).
A recomendação é que pessoas acima de 20 anos façam o teste pelo menos uma vez na vida, especialmente aquelas que ainda não têm histórico de testagem anterior.
Os tratamentos disponíveis na rede pública incluem medicamentos como alfapeginterferona, tenofovir, entecavir e antivirais de ação direta (DAAs), que têm mais de 95% de taxa de cura para hepatite C.
Vacinação segue como principal medida de prevenção
O SUS oferece gratuitamente as vacinas contra hepatites A e B. A vacina contra hepatite A é aplicada aos 15 meses de idade, enquanto a vacina contra hepatite B é dada em quatro doses nos primeiros meses de vida. Adultos que não foram vacinados devem tomar três doses.
Além da vacinação, o Ministério reforça medidas preventivas como o uso de preservativos, a não reutilização de objetos perfurocortantes e a higienização das mãos.
Guia de Eliminação das Hepatites Virais e reconhecimento de municípios
Outra novidade foi o lançamento do Guia de Eliminação das Hepatites Virais, documento que orienta estados e municípios sobre ações e metas. A iniciativa prevê a concessão de selos de reconhecimento a localidades que avançarem no enfrentamento da doença. Até agora, 18 municípios já foram certificados com os selos Ouro, Prata e Bronze.