
Uma decisão judicial determinou que os bens arrecadados pelo casal Aline e Renato Openkoski na campanha Ame Jonatas deverão ser doados a uma criança e a uma entidade de Joinville. No documento foram indicados o Hospital Infantil de Joinville e a criança Maria Amélia, de Araquari, Norte de Santa Catarina, que nasceu com mielomeningocele. Segundo a decisão, a pequena Maria Amélia necessita de um tratamento caro (apenas as sessões de fisioterapia custam mais de R$ 150 mil) e possui uma doença similar a de Jonatas. A indicação também levou em consideração o trabalho feito pela mãe de Maria Amélia pela filha. “Ao analisar a página de Facebook para captação de recursos, é possível ver o esforço materno com doações, rifas, campanhas”. Além disso, indica que o hospital infantil, que atua sob a gestão da organização social Hospital Nossa Senhora das Graças, está desde 2008 oferecendo atendimentos gratuitos e custeados pelo SUS, com apoio do governo do estado de Santa Catarina. Procurado pela reportagem, o Hospital Infantil de Joinville afirma que ainda não recebeu a notificação e, portanto, não irá se pronunciar até o momento.
Quem é Maria Amélia
Maria Amélia completou 3 anos em fevereiro de 2025. Ela nasceu com mielomeningocele e sua mãe, Bruna Gisele das Neves, trabalha para cuidar da pequena e em campanhas para captar recursos para o tratamento da filha. Nas redes sociais, Bruna conta toda história de Maria Amélia e divide com as pessoas cada conquista, como os primeiros passos dela sem o suporte pélvico para os membros inferiores. Sobre a decisão, a mãe de Maria Amélia compartilhou que ainda aguarda ser informada oficialmente pela Justiça.
Quais bens são considerados
Os bens foram classificados em três categorias: os objetos de uso pessoal, como roupas, brinquedos e eletrônicos, deverão ser leiloados, se houver valor econômico. Não sendo possível a realização do leilão, terão que ser doados para entidades beneficentes do município de Joinville. Já os bens de alto valor financeiro ou social, como, por exemplo, as camisetas e instrumentos musicais fornecidos à campanha por atletas e artistas famosos deverão obrigatoriamente ser repassados para outras campanhas públicas assistenciais.
O documento ainda cita que, referencialmente, seja para crianças que sofrem da mesma doença de Jonatas, Ame (atrofia muscular espinhal), atingindo, assim, a finalidade originária dos doadores.
Por fim, a decisão determina que o veículo adquirido por Renato seja vendido e o valor destinado a uma entidade social de Joinville voltada ao cuidado e tratamento de crianças com deficiência.
Casal foi preso em maio de 2024
O casal da campanha Ame Jonatas foi preso no dia 22 de maio de 2024, após condenação em Joinville, no Norte de Santa Catarina. Com repercussão nacional, o caso se arrastou por anos, após denúncias de que os recursos arrecadados para o tratamento de Jonatas Openkoski teriam sido desviados para beneficiar o casal.
A criança morreu aos cinco anos em janeiro de 2022, vítima de uma parada cardíaca. Jonatas era portador de Ame do tipo 1 e necessitava de cuidados especiais com a sua saúde. A reportagem entrou em contato com advogado de defesa do casal Aline e Renato Openkoski, mas até o fechamento desta matéria ainda não obteve retorno.
Relembre o caso
O pequeno Jonatas foi diagnosticado com AME (Atrofia Muscular Espinhal) em março de 2017. O tratamento é feito com medicamento importado dos Estados Unidos, no valor total de R$ 3 milhões.
Como não tinham condições de arcar com as despesas, os pais lançaram a campanha que teve repercussão nacional. Em maio de 2017, o casal anunciou nas redes sociais que havia conseguido o valor, mas continuaria a arrecadação para poder cobrir gastos com os equipamentos que mantinham o menino vivo em casa.
Segundo o MPSC, Renato e Aline se apropriaram de mais de R$ 200 mil das arrecadações. Com o dinheiro, eles teriam comprado celulares, um faqueiro, roupas, sapatos e joias. Além disso, teriam adquirido um carro no valor de R$ 140 mil e pago uma viagem para Fernando de Noronha, que custou R$ 7.883,12.
