Cristiano Zonta
Os 10 homens apontados por neonazismo em Santa Catarina eram responsáveis pelo recrutamento de jovens já radicalizados, segundo a Polícia Civil.
Eles buscavam futuros integrantes na internet ou em encontros entre células brasileiras e, depois, iniciavam o período de aprovação com os convidados, conforme o delegado Arthur de Oliveira Lopes.
“Esse grupo possui um sistema mais rigoroso de recrutamento. Tem que ter uma certa convivência, confiança e serem aprovados por unanimidade. Eles possuem um estatuto que tem que ser respeitado e um período a passar”, explicou o delegado à frente da Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância.
O formato de recrutamento foi descoberto após a prisão em flagrante de oito deles em um sítio em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, em novembro do ano passado. Outros dois foram presos no Rio Grande do Sul posteriormente.
Detidos preventivamente desde então, os 10 investigados pertencem a um braço da Hammerskins, grupo de supremacia branca e neonazista e fundado nos Estados Unidos.
A célula também está presente em Portugal, Alemanha e outros países e é um dos mais organizados e mais violentos dos Estados Unidos
O advogado dos acusados afirmou a reportagem do G1 que “defesa se resguarda ao direito de se manifestar somente aos autos tendo em vista que o processo tramita em segredo de justiça e será nele que a defesa irá exercer seu trabalho”.
Prisões
De acordo com a polícia, os 10 estavam no sítio em novembro de 2022 comemorando o aniversário do grupo. Os outros dois presos na última semana, agora indiciados, só não foram detidos em flagrante na época porque foram embora um dia antes da polícia deflagrar a operação.
Encontro frustrado
Os oito homens presos em flagrante estavam em uma reunião anual de uma célula neonazista em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, em 14 de novembro de 2022. De acordo com a Polícia Civil, que já monitorava o grupo, eles escolheram o município por ser a primeira colônia alemã em Santa Catarina, instalada em 1829.
Ao chegarem no sítio em que se reuniam, a polícia encontrou com o grupo revistas, panfletos e outros objetos com símbolos de grupos supremacistas. (Veja o vídeo acima)
Um dos detidos, ainda estava com munição. No local, a polícia também apreendeu os eletrônicos que estavam em poder do grupo. De acordo com o Ministério Público, as investigações apontam que o eles agem com forte exaltação à ideologia fascista e apologia ao nazismo.
