
A Polícia Civil de Santa Catarina prorrogou por mais 30 dias o inquérito que apura o duplo homicídio dos corretores de imóveis Thiago Adolfo e Deyvid Luiz Leitte, ocorrido no dia 1º de julho em Balneário Piçarras. O crime, que chocou a comunidade local, aconteceu no interior de uma imobiliária no Centro da cidade e é investigado como duplo homicídio qualificado por motivo fútil.
Investigação aguarda perícia nos celulares
A delegada Beatriz Ribas, responsável pelo caso, informou que a prorrogação do inquérito se deve à necessidade de aguardar os resultados da extração dos dados dos celulares das vítimas e do suspeito, que estão sendo periciados. Segundo ela, esse material pode trazer novas informações relevantes para a investigação.
Quem são as vítimas
As vítimas foram identificadas como Thiago Adolfo, empresário e proprietário da Ibiza Imóveis, e Deyvid Luiz Leitte, corretor e também cantor sertanejo da dupla “Davi e Daniel”. Thiago tinha sete anos de experiência no setor imobiliário e sua empresa atuava em diversas cidades de Santa Catarina. Ele era natural de Umuarama, no Paraná, onde foi sepultado.
Deyvid, além de corretor de imóveis, já havia atuado como servidor público em Garuva, exercendo funções na área de Saneamento Ambiental e Desenvolvimento Econômico.
O suspeito: ex-militar e também corretor
O principal suspeito do crime é Ralf Manke, também corretor de imóveis e ex-militar. Após o duplo homicídio, Ralf fugiu do local, mas entrou em contato com um policial militar conhecido e se entregou pouco depois em um posto de combustíveis. Ele foi preso em flagrante.
Durante a abordagem, a Polícia Militar encontrou uma pistola calibre 9mm no interior do carro de Ralf, um Audi azul. As roupas do suspeito também apresentavam manchas de sangue. No local, ele teria confessado o crime e entregue a arma utilizada.
Dívida seria a motivação do crime
Segundo a Polícia Civil, a principal motivação do crime seria uma dívida de R$ 25 mil relacionada à venda da sociedade da imobiliária de Ralf Manke. A negociação total envolvia R$ 300 mil, divididos entre os compradores, sendo R$ 150 mil para cada um. Parte desse valor estaria em atraso, o que teria levado ao encontro entre os envolvidos e ao desfecho trágico.
Defesa alega legítima defesa
A defesa de Ralf Manke sustenta que ele agiu em legítima defesa. Conforme o advogado, Ralf teria sido atraído à antiga imobiliária por Thiago e Deyvid, que estariam tentando ameaçá-lo devido ao atraso no pagamento. Ainda segundo a versão da defesa, o suspeito foi surpreendido em desvantagem numérica e se sentiu ameaçado, acreditando que os corretores poderiam estar armados.
O advogado afirma que mensagens e áudios comprovariam a tentativa de coação por parte das vítimas.
Polícia contesta versão do suspeito
A delegada Beatriz Ribas, no entanto, contesta a tese de legítima defesa. Segundo ela, nenhuma arma foi encontrada com as vítimas, o que enfraquece a justificativa apresentada por Manke. “A motivação apresentada não se sustenta. Nenhuma das vítimas estava armada”, declarou.
O inquérito segue em andamento e a Polícia Civil aguarda os laudos da perícia para concluir as investigações e encaminhar o caso ao Ministério Público.

