
O empresário e fundador da Ultrafarma, Aparecido Sidney de Oliveira, de 71 anos, foi preso temporariamente nesta terça-feira (12) em sua chácara, em Santa Isabel, na Grande São Paulo. Ele é um dos alvos de uma operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) contra um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria de Estado da Fazenda.
Origem humilde e trajetória empresarial
Natural de Nova Olímpia (PR), município com pouco mais de 5 mil habitantes, Sidney cresceu com dez irmãos e enfrentou dificuldades financeiras desde a infância. Começou a trabalhar em farmácia aos 9 anos e foi alfabetizado pelo programa Movimento Brasileiro de Alfabetização para Jovens e Adultos, criado por Paulo Freire. Sem formação universitária, fundou a Ultrafarma em 2000, tornando-a pioneira na venda de genéricos no Brasil.
A empresa se destacou pela estratégia de e-commerce, ampla presença na mídia e grande variedade de produtos — hoje, são mais de 15 mil itens e 1 milhão de clientes ativos. Em 2007, conquistou o Prêmio Top of Mind Internet como a primeira marca de farmácia online do país.
Além dos negócios, Sidney se aventurou na televisão: em 2023, apresentou o programa Roda a Roda no SBT, promovendo sua linha de suplementos, e lançou o Ultra Show – Sidney Oliveira na RedeTV, apresentado por Geraldo Luís. No cenário político, apoiou a reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), em 2024, citando compromisso com a saúde.
A operação
A ação do MP-SP, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (GEDEC), prendeu seis pessoas. Segundo a investigação, um auditor fiscal estadual de alto escalão liderava um esquema de manipulação de processos administrativos para favorecer empresas na quitação de créditos tributários, em troca de propina. O esquema teria movimentado R$ 1 bilhão desde 2021.
Outro preso foi o diretor estatutário da Fast Shop, Mario Otávio Gomes, detido em um apartamento na Zona Norte de São Paulo. A empresa declarou estar colaborando com as autoridades.
As propinas, de acordo com os promotores, eram pagas mensalmente por meio de uma empresa em nome da mãe do auditor.
Defesa de Sidney Oliveira
O advogado Fernando Capez afirmou que Sidney já havia celebrado um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com o MP-SP, reconhecendo irregularidades tributárias e parcelando o valor devido. Capez disse que ainda busca entender os motivos que levaram à prisão nesta nova operação.
Crimes investigados
Os alvos podem responder por:
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Corrupção ativa e passiva
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Organização criminosa
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Lavagem de dinheiro
As diligências continuam, com mandados de busca e apreensão em residências e sedes das empresas investigadas.
