
A reconstrução da histórica Casa de Palmitos, imóvel construído originalmente por Walter Becker no Costão dos Náufragos, em Barra Velha, entra na sua fase de acabamento da obra de reconstrução e restauro, na Praça Lauro Carneiro de Loyola, a Praça da Lagoa.
Nesta fase, a equipe responsável pela reconstrução está concluindo a pintura interna externa do imóvel, com aplicação de verniz nos palmitos originais do imóvel, instalação de vidros e finalização dos banheiros adaptados da construção.
A obra, desenvolvida pela Barra Sete Empreendimentos e pela Ornato Engenharia, marca uma vitória do setor de patrimônio e cultura do Município, que com apoio da Prefeitura local e dos responsáveis pela área onde estava a antiga casa, entraram em acordo judicial visando a não-demolição do imóvel.
A garantia da preservação da madeira, retirada da área original, de frente para lado norte do Costão dos Náufragos, é alvo de uma luta de pelo menos 20 anos de lideranças locais. O imóvel original do costão abrigará importante investimento da construção civil; já a Casa de Palmitos, que era usufruto de Erna Bisewski, companheira de Walter Becker, foi o primeiro imóvel tombado do patrimônio histórico de Barra Velha. Ou seja, embora o terreno foi legalmente repassada aos herdeiros, a casa não poderia ser destruída.
Desde as primeiras campanhas lideradas visando essa preservação, no final dos anos 90, até os dias atuais, houve consistente mobilização dos interessados na preservação. Segundo o prefeito Douglas da Costa (PL), que aceitou a sugestão visando a transferência da casa à praça, a construção será importante para celebrar o próximo aniversário de Barra Velha já com a casa restaurada.
O Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural de Barra Velha (Compac) foi quem intermediou as negociações recentes entre Prefeitura e investidores, visando que a casa – única do gênero do Brasil, construída a partir de raros troncos de palmito – não fosse eliminada.
A Ornato, contratada pelos investidores após o acordo visando desmonte e retirada do madeirame original, desenvolveu todo o projeto, buscando preservar ao máximo a casa original. Tudo que podia ser reaproveitado foi conservado pelos técnicos que desmancharam a casa original – principalmente os troncos de palmito ainda resistentes ao tempo em mais de seis décadas.
Todas as peças foram retiradas, classificadas e numeradas com plaquetas, visando a reconstrução. O projeto do restauro ocorreu sob a supervisão da arquiteta Denise Freitas e dos arquitetos da Ornato. Segundo o presidente do Compac, professor Juliano Bernardes, essa é a mais importante conquista recente no sentido de preservar uma construção com mais de 70 anos de história.
Mestra em Patrimônio Cultural e Sociedade, a também professora Angelita Borba de Souza corrobora dessa opinião. Embora não tenha sido possível manter o terreno original, a casa propriamente dita é patrimônio, deslocada a uma praça que também é. “Um patrimônio não precisa estar fixado num ponto; há o conceito do patrimônio imaterial”, pontua ela.
Juliano Bernardes, nesta semana, novamente agradeceu ao prefeito Douglas pelo apoio e sensibilidade importantes no sentido de autorizar a cessão do novo espaço. Compac, Fundação de Turismo, Esporte e Cultura (Fumtec) e Prefeitura avaliam agora o melhor uso para a casa – embora já se saiba que ela será um espaço de memórias da cidade.
O interior do imóvel sofreu alterações, com inserção de banheiros adaptados e auditório. O salão frontal será o mesmo projetado por Becker, que também foi o doador da primeira estátua do Cristo de Barra Velha. A obra segue para ajustes finais do acabamento e ajardinamento externo; um hall externo, envidraçado, também foi inserido como acesso do imóvel. Douglas definirá a data da inauguração.
Foto, fonte e vídeo: Reprodução via Mzl10