
Fenômeno climático preocupa técnicos da Defesa Civil e reforça vulnerabilidade da região Sul do país
Até esta quarta-feira, 5 de novembro, Santa Catarina já contabiliza 12 tornados registrados em 2025, segundo dados da Defesa Civil Estadual. A incidência do fenômeno neste ano é significativamente maior do que em 2024, quando apenas um tornado havia sido confirmado no Estado. O caso mais recente ocorreu na segunda-feira (3), em Itaiópolis, no Planalto Norte, onde ventos fortes partiram árvores e destruíram construções.
Apesar do aumento expressivo, os técnicos da Defesa Civil afirmam que ainda não há uma explicação definitiva para o crescimento na frequência dos fenômenos. Segundo o órgão, seria necessária uma análise climatológica abrangendo pelo menos 30 anos de dados meteorológicos para identificar uma tendência clara.
Três anos de monitoramento
Entre 2023 e 2025, o Estado registrou 22 ocorrências de tornados: nove em 2023, um em 2024 e doze em 2025 — o que representa um aumento de aproximadamente 33% na incidência do fenômeno.
No total, 23 municípios catarinenses foram afetados, entre eles Santo Amaro da Imperatriz, Garuva e Lages.
Os episódios costumam ocorrer com maior frequência durante a primavera, embora possam surgir em qualquer época do ano, de acordo com os meteorologistas.
Por que o Sul é tão propenso a tornados
A região centro-sul da América do Sul, que inclui o Oeste catarinense, é considerada a segunda área do planeta mais favorável à formação de tempestades severas, atrás apenas do centro dos Estados Unidos.
Segundo a Defesa Civil, isso ocorre devido ao encontro de massas de ar quente e úmido vindas do Norte com massas de ar frio e seco vindas do Sul — um contraste que desestabiliza a atmosfera e favorece o desenvolvimento de tempestades violentas.
“Quanto maior o contraste dessas massas de ar, maior o potencial para formação de tempestades”, explica o órgão.
Como se forma um tornado
O meteorologista Caio Guerra, da Defesa Civil, descreve o fenômeno como semelhante aos vistos em filmes, com a formação de uma “nuvem funil” que se estende até o solo:
“Você vê a nuvem de longe, começa a descer um funil que encosta no chão. Ele suga tudo o que está por perto, pode arrancar telhados, partir árvores ao meio e até arremessar carros. Dependendo da intensidade, é um fenômeno extremamente destrutivo”, afirma Guerra.
Tornado confirmado em Itaiópolis
Após vistoria técnica, a Defesa Civil confirmou que o fenômeno que atingiu Itaiópolis foi de fato um tornado, com ventos que chegaram a 80,5 km/h por volta das 14h55 de segunda-feira (3).
Imagens feitas por drone pelo Coordenador Regional da Defesa Civil de Canoinhas mostram árvores arrancadas pela raiz, galpões destelhados e residências parcialmente destruídas — os sinais clássicos de um tornado.
A tempestade que atingiu o município apresentou características supercelulares, com forte rotação e potencial para chuvas intensas, rajadas severas e granizo de grande porte.
Segundo a Defesa Civil, a conjunção de baixa pressão atmosférica, ventos em diferentes níveis da atmosfera, calor e umidade favoreceu a formação do fenômeno.
Fonte: Defesa Civil de Santa Catarina
Data: 5 de novembro de 2025
Municípios afetados: Itaiópolis, Santo Amaro da Imperatriz, Garuva, Lages, entre outros.



























