
Medida dos EUA impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e amplia tensão diplomática com o Brasil
O ex-presidente e atual candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (1º), em entrevista à TV Globo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “pode ligar quando quiser” para tratar das recentes medidas adotadas por Washington contra o Brasil. A fala ocorre após Lula declarar, em entrevista ao The New York Times, que “ninguém nos EUA quer conversar” sobre o chamado “tarifaço”.
Trump respondeu ainda às críticas do presidente brasileiro quanto à falta de diálogo, alegando que o Brasil “fez a coisa errada” em relação a políticas comerciais e reiterou seu carinho pelo país: “Amo o povo do Brasil”, afirmou.
Na quarta-feira (30), Trump assinou um decreto impondo tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. A nova alíquota entrará em vigor no dia 6 de agosto. A decisão, segundo a Casa Branca, se baseia em supostas práticas do governo brasileiro que prejudicam empresas americanas e violam a liberdade de expressão.
O governo norte-americano argumenta que decisões do Judiciário brasileiro, especialmente ordens para que empresas de tecnologia entreguem dados de usuários, modifiquem políticas de moderação e restrinjam discursos políticos, comprometem “interesses estratégicos dos EUA”. O Palácio do Planalto, por sua vez, afirma que os canais de comunicação diplomática com a Casa Branca “estão fechados”.
Sanções contra Moraes
No mesmo dia em que assinou o decreto tarifário, o governo americano anunciou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky – legislação dos EUA que permite punições a autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos.
Com a medida, eventuais bens de Moraes nos Estados Unidos ficam congelados, e ele está proibido de realizar qualquer transação com cidadãos ou empresas norte-americanas. Isso inclui, por exemplo, o uso de cartões de crédito de bandeiras americanas.
O Itamaraty ainda não se manifestou oficialmente sobre as sanções, mas interlocutores do governo consideram a medida “sem precedentes” nas relações entre Brasil e Estados Unidos.
Crise diplomática
A escalada das tensões, que inclui barreiras comerciais e sanções políticas, representa um dos episódios mais delicados da relação entre os dois países em décadas. O Planalto afirma ter designado o vice-presidente Geraldo Alckmin, além dos ministros da Agricultura e da Fazenda, para tentar dialogar com o governo americano — sem sucesso até o momento.
Enquanto isso, Trump, que lidera as pesquisas para a eleição presidencial de novembro, sinaliza abertura para o diálogo direto com Lula, embora mantenha o tom crítico ao atual governo brasileiro.
