
Golpistas têm assediado familiares e acompanhantes de pacientes no Hospital Infantil de Joinville para pedir dinheiro para supostos procedimentos de saúde. Os criminosos descobrem dados das vítimas e chegam a se passar por médicos em um aplicativo de mensagens.
O estudante de direito Ulisses de Melo, de Gaspar, foi um dos alvos dos suspeitos. De acordo com a vítima, a filha dele estava internada no hospital após uma insuficiência cardíaca, diagnosticada depois do parto.
Através de mensagens, utilizando a foto de um médico, os golpistas afirmaram que a bebê teve uma piora do quadro de saúde. Em seguida, eles pedem o valor de R$ 377,89 para uma suposta medicação que o hospital não teria. Ainda, os suspeitos enviam uma chave Pix para a transferência do dinheiro. O Hospital Infantil de Joinville é administrado pelo governo estadual e é 100% vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS).
— Eu fiquei desesperado até porque a minha esposa não está aqui. É horrível ter que passar por essa situação — disse a vítima à NSC TV.
Apesar do nervosismo com a situação, Ulisses estranhou o contato direto do suposto médico. Ele conseguiu contato com a unidade hospitalar e confirmou que se tratava de um golpe.
Polícia diz que dados teriam vazado, mas hospital nega
Conforme a apuração da reportagem, pelo menos três números diferentes chegaram a fazer contato com a vítima. Os suspeitos sabiam o número do celular, nome e sobrenome da paciente, e que estaria no hospital em Joinville.
A unidade hospitalar afirma que relatos semelhantes ocorreram ainda no fim do ano passado. Em outro caso, um paciente chegou a perder R$ 400 após o contato dos golpistas.
— Chegou como uma surpresa. Não é um número grande, mas acaba sendo uma situação frequente. Então, nós implantamos estratégias para alertar os familiares e trabalhar os nossos profissionais para que alertem os acompanhantes e percebam os riscos — disse Vanessa Goulart, gerente de enfermagem do Hospital Infantil de Joinville.
Para alertar os pacientes, um alerta sonoro começou a ser reproduzido nos corredores do hospital, afirmando que a unidade não realiza cobranças e para cuidar com golpes.
À NSC TV, a Polícia Civil afirmou que está investigando o caso e trabalha para mapear outras vítimas, a fim de identificar os golpistas.
— Nós percebemos no modo de agir desses criminosos que, efetivamente, eles têm alguns dados relacionados ao paciente, ao prontuário médico, que faz dar uma credibilidade no golpe. É claro que eles tiveram alguma forma de acesso, pode ser através de vazamentos — disse Rafaello Ross, delegado regional de Joinville.
No entanto, o hospital nega que os dados das vítimas tenham vazado.
— Não houve vazamento de informação. Todo nosso hospital segue a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, nosso sistema tem controle dos acessos, todos os dados dos pacientes são sensíveis para a instituição — afirma Goulart.
